Home Opinião Flavio Pires: Por que Ronaldinho pode ficar preso de 3 a 10 anos? Blog conversou com especialista

Flavio Pires: Por que Ronaldinho pode ficar preso de 3 a 10 anos? Blog conversou com especialista

Acácio Miranda fala com exclusividade ao blog para explicar situação de Ronaldinho no Paraguai

Flavio Pires
Colaborador do Torcedores

Ronaldinho Gaúcho segue preso no Paraguai. A situação do ex-jogador e um dos maiores nomes do futebol mundial, que já foi assunto na coluna em outro momento, é complicada, como nos explica o doutor Acácio Miranda, advogado em Direito Penal Internacional, professor universitário e subprefeito da região de Pinheiros (SP).

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De acordo com o especialista em Direito, o craque brasileiro pode ficar preso por até dez anos no país vizinho, caso as investigações apontem que ele o irmão, Assis, cometeram crime de lavagem de dinheiro. A pena para este tipo de ação vai de três a dez anos.

“O que aconteceu [lá no começo]? A alegação da defesa era a seguinte: ‘Ele é cidadão paraguaio, estava num processo de naturalização paraguaia’. Mas o que as autoridades paraguaias disseram: ‘Olha, não há o menor fundamento nisso, porque se ele estivesse, nós saberíamos’”, disse, explicando que em processos deste tipo as autoridades locais têm acesso a todos os documentos para naturalização.

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“Com o Ronaldinho isso não aconteceu, as autoridades não tinham nenhuma informação”, continuou.

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A partir de então, começou-se a investigar supostos crimes de lavagem de dinheiro de Ronaldinho e Assis, como conta Acácio. Há, nas buscas policiais, a procura pela empresária Dalia López, que supostamente contratou os serviços do craque e o levou ao Paraguai. Ela está foragida.

“Há uma investigação sobre ele e o Assis de lavagem de dinheiro no Paraguai. Pegando o dinheiro que tinham aqui, sendo qual for a origem, e levando para lá para ‘esquentar’ esse dinheiro, dar uma aparência de licitude para ele. Existem indícios [de que houve lavagem] no processo, mas nada latente, categórico. Estão apurando”, contou.

“Não há nenhum elemento que nos faça crer que eles serão colocados em liberdade tão já. No Paraguai, eles querem, e há o mandado de prisão para a mulher que supostamente contratou o Ronaldinho para que ele fosse para o Paraguai. Como ela ainda não foi presa, não se tem informações sobre qual seria a relação entre eles, e acho que eles serão mantidos presos”, afirmou.

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Houve exagero na conduta do caso?

A coluna já foi espaço para debate sobre a condução do aprisionamento de Ronaldinho, em que foi avaliado abuso de autoridade e oportunismo da polícia local. O tema também foi comentado por Miranda.

“O Paraguai, historicamente, sempre foi visto como um ‘paraíso fiscal’, ou um país ligado à criminalidade. Então sempre teve essa questão. De uns anos para cá, isso vem mudando. Temos visto as autoridades atuando de forma mais emblemática, principalmente com lavagem de dinheiro. Imagino, vendo de fora, analisando tecnicamente, que o Paraguai está usando isso como exemplo. ‘Olha, aqui no Paraguai, não nós pactuamos com certas condutas. Inclusive, um astro do futebol mundial veio aqui e está preso’. Tem um pouco, sim, de exagero, tecnicamente falando”, disse, antes de completar.

“Tem tantas pessoas no Paraguai e no Brasil que estão sendo processadas pelo mesmo crime e estão em liberdade que, quando a gente compara, põe na balança, de fato há um certo exagero.”

Futebol, torcida e irmandade

São-paulino, o subprefeito de Pinheiros lamentou, com bom humor, a questão da paralisação do futebol por conta do novo coronavírus, já que, na visão dele, o Tricolor do Morumbi apresentava o melhor futebol do Campeonato Paulista.

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Conversa vai, conversa vem, o papo foi parar em torcida: a grande luta e inspiração do blog. Questionado sobre a festa na arquibancada, e sua opinião sobre os estádios cheios, Acácio Miranda ressaltou os projetos sociais das organizadas e a aproximação que o Carnaval trouxe às torcidas.

“Na torcida organizada não tem classe social, grau de educação. É muito bonito isso. Quantas vezes eu vi falecer o pai de um membro da torcida e todo mundo vai lá, faz uma ‘vaquinha’ para ajudar a pagar coroa, caixão. E ninguém é rico. É uma coisa que falta na sociedade e eles fomentam isso”, relatou.

“O Carnaval ajudou muito isso [aproximar as torcidas]. A partir do momento que elas são tratadas como escola de samba, uma leva o pavilhão na quadra da outra. Isso acabou ajudando também. Eu acho que tem esse viés positivo. A sociedade em geral está mudando e as organizadas vão juntos”, concluiu.

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