Home Futebol Empate em Porto Alegre mostra com clareza tudo o que Grêmio e Flamengo têm de melhor (e de pior também)

Empate em Porto Alegre mostra com clareza tudo o que Grêmio e Flamengo têm de melhor (e de pior também)

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Vagner Mancini e Renato Gaúcho no jogo disputado nesta terça-feira (23)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É plenamente possível afirmar que Grêmio e Flamengo apresentara as suas maiores qualidades na partida disputada nesta terça-feira (23), em Porto Alegre. Suas maiores qualidades e também seus maiores defeitos. O empate tem sim um sabor de vitória para o Tricolor Gaúcho. Muito por conta da expulsão de Jhonata Robert no segundo tempo e pelo fato do time de Vagner Mancini ter ficado com um jogador a menos durante pelo menos 35 minutos. Se o Grêmio ainda luta contra o rebaixamento (e sofre com as oscilações e falta de concentração), Renato Gaúcho viu sua equipe apresentar os velhos (e crônicos) problemas na transição defensiva e na marcação realizada na frente da área de Hugo Souza. De bom mesmo no Flamengo, apenas o retorno de Arrascaeta e a boa distribuição dos passes feita pelo uruguaio no meio-campo. Na prática, o jogo expôs o que as duas equipes tinham de melhor e de pior.

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Não há muito a ser dito sobre o primeiro tempo em Porto Alegre. Apenas que o Flamengo (que entrou em campo com um time repleto de jogadores reservas) viu o Grêmio tomar conta do meio-campo e criar as melhores chances de gol. Sempre pelo lado direito, onde Rodinei encontrava dificuldades enormes para fechar a última linha e acompanhar Ferreirinha (o melhor em campo na opinião deste que escreve). Mesmo assim, a partida não apresentou lá grandes emoções. As coisas só começaram a mudar a partir dos doze minutos da segunda, quando Arrascaeta entrou no lugar de Diego e armou a jogada do primeiro gol da sua equipe no primeiro toque na bola. O passe encontrou Rodinei com liberdade no lado esquerdo de defesa do Grêmio e este fez o cruzamento na direção da área. Vítor Gabriel não alcançou, mas Vitinho teve tempo para dominar e acertar belo chute cruzado de esquerda.

Arrascaeta armou a jogada do primeiro gol do Flamengo no primeiro toque na bola aproveitando os espaços que o time do Grêmio deixava entre suas linhas. Kenedy, Vítor Gabriel e Vitinho foram importantes para dar profundidade assim que Rodinei recebeu o passe do uruguaio e partiu em velocidade. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Nesse momento, víamos o que o Flamengo tinha de melhor. Ótimo aproveitamento dos contra-ataques, bom uso do espaço concedido pelo seu adversário (principalmente quando Arrascaeta, João Gomes ou Thiago maia ficavam com a posse da bola) e pontas com os “pés invertidos” ligados em cada lance e buscando jogar às costas de laterais e zagueiros gremistas. Não foi por acaso que o time cresceu com o uruguaio em campo e aproveitou o nervosismo do Grêmio após a expulsão de Jhonata Robert. Tanto que, aos 28 minutos da segunda etapa (e já com os comandados de Vagner Mancini avançando para o ataque de maneira desorganizada), Kenedy aproveita bem o vacilo de Pedro Geromel e Ruan, rouba a bola e avança até a entrada da área. O camisa 33 vê a chegada de Vitinho em diagonal e faz o passe certeiro que resultaria no segundo gol do Flamengo na partida com mais um belo chute de perna esquerda.

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Mas não demorou quase nada para o Flamengo mostrar a sua pior faceta: a da equipe descompromissada, desconcentrada e até mesmo displicente. Como explicar o gol de Borja com pelo menos três jogadores na beira do gramado e fora do seu posicionamento? E como explicar a marcação frouxa na frente da área quando a bola vai de um lado para o outro sem que nenhum jogador interceptasse o passe? Difícil compreender as substituições promovidas por Renato Gaúcho depois do primeiro gol do Grêmio. A entrada de Piris da Motta no lugar de Vitinho (justo um dos jogador mais lúcidos do Flamengo na partida) acabou com a transição ofensiva da equipe e deu o campo que o escrete comandado por Vagner Mancini tanto queria para chegar no ataque. E mesmo com um a menos, Ferreirinha, Douglas Costa, Borja e companhia conseguiam empurrar a zaga rubro-negra para trás sem muitos problemas.

Mesmo com um jogador a mais, o Flamengo não conseguiu conter o ataque do Grêmio. Ferreirinha levava vantagem pela esquerdo e construiu as jogadas dos dois gols da sua equipe. Renato Gaúcho errou ao recuar demais seus jogadores e dar o campo que seu adversário tanto procurou nos minutos finais. Foto: Reprodução / Premiere / GE

A partida desta terça-feira (23) ficou marcada pelos erros e acertos de Grêmio e Flamengo em todos os quesitos. Se o escrete de Vagner Mancini teve concentração para buscar o resultado num cenário completamente adverso, os jogadores acabaram desperdiçando ótimas oportunidades de abrir o placar ainda no primeiro tempo por conta da mais pura afobação. Do outro lado, Renato Gaúcho viu sua equipe subir muito de produção com a entrada de Arrascaeta e a boa atuação de Vitinho saindo da esquerda para o meio, mas acabou pecando nas substituições e na mudança da postura depois de sofrer o primeiro gol do Tricolor Gaúcho. Se o Grêmio parecia afobado e “pilhado” ao extremo, o Flamengo dava a impressão de não estar muito interessado na partida. E isso se refletia numa série de decisões do seu treinador ao longo de todos os noventa e poucos minutos de jogo.

Certo é que o resultado não agradou ninguém em Porto Alegre. Ainda mais numa partida tão cheia de alternativas e que “desnudou” completamente duas das equipes mais tradicionais do país. Cada uma com seus problemas e cada uma inserida num contexto específico, é verdade. Erros e acertos que ajudam a explicar os motivos pelos quais Flamengo e Grêmio estão onde estão na tabela do Campeonato Brasileiro. Erros e acertos que podem custar um título ou causar um rebaixamento nessa gangorra impressionante que é o futebol brasileiro hoje em dia.

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