A Seleção Feminina encerrou sua participação no Torneio Internacional de Manaus nesta quarta-feira (1) com vitória sobre o Chile por 2 a 0 e a conquista do primeiro título da “Era” Pia Sundhage. É verdade que o escrete canarinho passou por alguns sustos (como os gols sofridos logo no início das partidas contra Índia e Venezuela), sofreu um pouco com o desentrosamento e teve momentos onde pecou pela falta de concentração. Por outro lado, este que escreve gosta de lembrar sempre que há uma ideia de jogo sendo colocada em prática na equipe. Podemos não das escolhas de Pia Sundhage, mas ficou bem claro que todo esse trabalho tem tudo para render ótimos frutos num futuro próximo. Ainda mais com tantas jogadoras jovens se mostrando muito à vontade com a camisa da Seleção Feminina e em condições de assumir o protagonismo daqui a alguns anos. É um doce sopro de esperança para o futuro.
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Mas é preciso dizer que o Brasil demorou para encaixar seu jogo contra o Chile. Por mais que as comandadas de Pia Sundhage se impusessem na base do talento e da técnica, o time sofreu um ponto com as bolas longas na direção de Lara e de Urrutia às costas de Tamires no lado esquerdo da defesa brasileira. Ao mesmo tempo, Daiane mostrou muitas dificuldades nos botes e na cobertura da camisa 6 da Seleção Feminina. No ataque, o 4-4-2/4-2-4 da treinadora sueca ganhou muito com a dinâmica de Kerolin e Ary Borges pelos lados do campo. As duas “wingers” da equipe cumpriram bem suas funções táticas e tentaram ocupar o espaço que Marta e Debinha não ocupavam na frente. Aliás, esse foi um dos grandes problemas da equipe no primeiro tempo. Por mais que o Brasil se impusesse com a posse da bola, a dupla de ataque não conseguia preencher esse espaço e perdia profundidade nas tramas ofensivas.
As melhores chances da Seleção Feminina no primeiro tempo surgiram quando Ary Borges e Kerolin apareceram mais por dentro e atacaram a última linha chilena, e quando Debinha se lançou mais à frente para aproveitar os passes em profundidade. No mais, a equipe deixava bem claro que precisava de ajustes em todos os setores. Pia Sudhage, contrariando as expectativas, não fez substituições no intervalo e deixou sua equipe mais compacta na defesa e trouxe o Chile para seu campo. Aos cinco minutos da segunda etapa, Tamires fez belo lançamento da defesa, Ary Broges atacou o espaço e foi conduzindo a bola até encontrar Kerolin rompendo pela direta em diagonal. A camisa 21 só precisou deslocar a gigante Christiane Endler com um leve toque. O primeiro gol brasileiro na partida mostrava como as jovens jogadoras cresceram de produção com Pia Sundhage. Principalmente as “wingers”.
É preciso lembrar que o primeiro gol da Seleção Feminina na partida nasceu de uma jogada muito trabalhada nos treinamentos: a bola longa às costas da defesa adversária. Nesse ponto, Kerolin e Ary Borges entenderam bem essa dinâmica e se transformaram nas principais armas ofensivas da equipe de Pia Sundhage. A entrada de Bruninha no lugar de Daiane e o deslocamento de Antônia (uma das melhores em campo) para a zaga deu mais consistência ao sistema defensivo brasileiro. E para quem pedia mudanças e testes na formação tática, a treinadora sueca ainda teve tempo para testar um 4-3-3 logo depois do segundo gol da Seleção Feminina (marcado aos 38 minutos do segundo tempo) com Ana Vitória, Adriana e Ary Borges formando o meio-campo e muita velocidade nas bolas longas para Geyse, Ivana Fuso e Gio empurrando a zaga chilena para trás. Vitória justa da Seleção Feminina num jogo morno em Manaus.
Ainda que o Chile não tenha oferecido muita resistência e que a Seleção Feminina tenha oscilado demais em determinados momentos, ficou mais do que claro que esse grupo está comprando as ideias de Pia Sundhage. Este mesmo que escreve dá a mão à palmatória no caso de Kerolin. A atacante do Madrid CFF pode não ser brilhante, mas fez ótima participação no Torneio Internacional de Manaus, marcou quatro gols importantes e mostrou uma evolução muito grande na equipe. Antônia é outra que dificilmente deve sair do time titular depois de mostrar tanta firmeza na lateral e na zaga. E Angelina parece cada vez mais adaptada à Seleção Feminina e deu a consistência que faltava ao meio-campo brasileiro. Como se pode notar, o trabalho de Pua Sundhage vai dando resultados significativos e plantando sementes que podem gerar frutos generosos daqui a algum tempo. E por isso é que tempo e paciência são fundamentais nesse processo.
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Este que escreve entende bem a ânsia do torcedor em ver a Seleção Feminina disputando partidas contra equipes do primeiro escalão mundial e amassando as suas adversárias com um futebol envolvente e bem jogado. Afinal, temos material humano para isso (apesar de todos os problemas de estrutura bem conhecidos da modalidade aqui por estas bandas). Por outro lado, para se chegar nesse nível, todo um processo de maturação se faz necessário. Vale sempre lembrar que a Seleção Feminina está em INÍCIO DE CICLO. A hora de se fazer testes é essa. Contra adversários mais fortes e mais fracos. O momento pede TEMPO e PACIÊNCIA com todo o trabalho que está sendo desenvolvido no escrete canarinho e com as jogadoras que estão chegando. Por mais que se tenha algum questionamento com relação ao trabalho de Pia Sundhage, é preciso reconhecer que ele tem consistência sim. Agora é seguir “subindo o sarrafo”.
Ary Borges, Adriana, Ivana Fuso, Kerolin, Gabi Portilho, Tamires, Duda, Angelina, Luana, Júlia Bianchi, Ingryd, Thaís, Ana Vitória… Ótimas jogadoras que nos indicam um ótimo cenário para o futuro. Os próximos passos de Pia Sundhage vão indicar onde essa equipe vai chegar. A conquista do Torneio Internacional de Manaus é sim um sopro de esperança na Seleção Feminina. O futuro há de ser melhor do que o presente.
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