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Allan Simon: SporTV terá dificuldade para escolher jogos no Brasileirão em 2020

Canal pago da Globo vê diminuir cardápio de partidas disponíveis e terá pouca margem de manobra no Brasileirão

Allan Simon
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Trabalha com esportes desde 2011 e já passou por veículos como R7 (Rede Record), Abril.com, UOL Esporte e Torcedores nas funções de redator, repórter, editor e apresentador de vídeos. Experiências de coberturas em duas Copas, duas Olimpíadas, dois Pans. Atualmente, produz o Blog do Allan Simon, é colunista de Mídia Esportiva do Torcedores e colaborador do UOL.

O SporTV já ficou mais restrito aos times da parte de baixo da tabela no Brasileirão do ano passado, quando a Globo optou por deixar jogos de Flamengo, São Paulo e Corinthians prioritariamente exclusivos do PPV ou da TV aberta. Na ocasião, o canal viu cair de 76 para 60 o número de partidas transmitidas em toda a competição, enquanto a concorrente TNT mostrou 42 e aumentou a quantidade de duelos disponíveis no universo total da TV paga (102 jogos).

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Só que esse cenário ficou ainda pior para o SporTV no Brasileirão 2020. É que todos os rebaixados da temporada passada (Cruzeiro, CSA, Chapecoense e Avaí) eram times que possuíam contrato de transmissão da Série A com o canal da Globosat. Com exceção da Raposa, foram os mais transmitidos pela emissora na competição de 2019, com o Avaí chegando a ter 17 dos seus 38 jogos exibidos na tela do SporTV.

Das equipes que vieram da Série B, apenas duas têm contratos válidos com o SporTV: Sport Recife e Atlético-GO. O Red Bull Bragantino não tem contrato com nenhuma emissora em qualquer mídia, e segue negociando com o Grupo Globo. O Coritiba, que ainda conversa com a emissora carioca pelos direitos de TV aberta e PPV, é mais um a reforçar o portfólio da Turner no Brasileirão 2020 da TV paga.

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Com isso, ainda que o Red Bull Bragantino venha a fechar em todas as mídias com a Globo, a margem de escolha do SporTV será bem reduzida em relação a 2019. No ano passado, o canal escolheu 60 jogos em um universo de 156 partidas disponíveis. Em 2010, esse total caiu para 132, e pode desabar para 110 caso não haja acordo com o atual campeão da Série B. A TNT, que mostrou 42 jogos em 2019, vai exibir 56 nesta edição.

Em alguns casos, a situação do SporTV na tabela divulgada pela CBF na semana passada chega a ser dramática, principalmente levando em consideração que o canal sofre concorrência interna na escolha dos jogos, com prioridades claras para o PPV e a TV Globo. Sem acordo com o RB Braga, a emissora teria apenas duas opções de transmissão na última rodada do Brasileirão 2020, por exemplo. Veja como ficaria:

Fluminense x Fortaleza – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Vasco x Goiás – Possível SporTV/Globo/PPV
São Paulo x Flamengo – Possível SporTV/Globo/PPV
Red Bull Bragantino x Grêmio – Nenhum canal em geral
Atlético-MG x Palmeiras – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Internacional x Corinthians – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Bahia x Santos – TNT/Globo/PPV
Athletico x Sport – Nenhum canal pago/Pode na Globo
Ceará x Botafogo – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Atlético-GO x Coritiba – Nenhum canal em geral

Ou seja, imagine que o Flamengo esteja brigando por título com o São Paulo na última rodada e a Globo, obviamente, queira transmitir essa partida. A emissora teria que aplicar algo que simplesmente não faz em condições normais atualmente, que é exibir no Brasileirão o mesmo jogo na TV aberta e na TV paga (embora faça isso colocando na Globo aberta os mesmos jogos da TNT). A outra opção seria não transmitir no SporTV, que teria apenas Vasco x Goiás como possibilidade de exibição, torcendo para que a partida seja muito importante na definição do campeonato.

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Como até dezembro muita água ainda vai rolar, fiz a mesma simulação com a rodada de abertura do Brasileirão 2020, marcada para o começo de maio, daqui a exatamente dois meses. Veja como ficou:

Flamengo x Atlético-MG – Possível SporTV/Globo/PPV
Botafogo x Bahia – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Palmeiras x Vasco – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Santos x Red Bull Bragantino – Nenhum canal em geral
Corinthians x Atlético-GO – Possível SporTV/Globo/PPV
Grêmio x Fluminense – Possível SporTV/Globo/PPV
Sport x Ceará – Nenhum canal pago/Pode na Globo/PPV
Coritiba x Internacional – TNT
Fortaleza x Athletico – TNT/Globo
Goiás x São Paulo – Possível SporTV/Globo/PPV

Sem acordo algum com Coritiba e Red Bull Bragantino, duas partidas de cara estariam fora do Grupo Globo no começo do Brasileirão, os duelos dessas equipes contra Internacional e Santos, respectivamente. No caso do jogo entre Coxa e Colorado, a situação é mais confortável para os torcedores: há transmissão garantida em TV paga pela TNT. Mas o duelo do Peixe e o time de Bragança Paulista ficaria sem exibição em qualquer mídia, já que o RB Braga não tem contrato com nenhum canal pela Série A.

Caberia ao Grupo Globo, então, escolher até dois dentre quatro jogos possíveis que reúnem apenas times fechados com o SporTV em campo: Flamengo x Atlético-MG, Corinthians x Atlético-GO, Goiás x São Paulo e Grêmio x Fluminense. Ou seja, três das quatro opções incluem times que normalmente vão para PPV ou TV aberta (Rubro-Negro, Timão e Tricolor paulista).

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Meu palpite: nesse caso, o canal pago da Globo ficaria apenas com Grêmio x Fluminense, enquanto a Globo provavelmente transmitiria Palmeiras x Vasco no sinal aberto para quase todo o Brasil (juntando as praças de RJ e SP) e mais algum jogo regionalizado (que poderia ser até esse Fortaleza x Athletico da TNT), mantendo o campo aberto para que o Premiere tenha suas maiores apostas com exclusividade na abertura da competição. Afinal, como podemos notar, o serviço pay-per-view já começaria de cara com desfalque de três jogos na primeira rodada (os que envolvem Athletico, Coritiba e Red Bull Bragantino), perdendo ainda o status de exclusivo dos jogos escolhidos pela TV Globo e pelo SporTV.

No geral, outra aposta minha é que o SporTV vá pagar novamente o “pato” pela necessidade de venda dos pacotes do PPV. O canal vai ter pouco poder de escolha e deve ficar com o “resto” após as escalas de Globo e Premiere terem sido definidas. Fora o fato de que as partidas da emissora não têm transmissão disponível para os estados em que são realizadas. Difícil imaginar, nesse ambiente todo, que o número de transmissões do SporTV, que já foi de 76 por edição e caiu para 60 no primeiro ano sem exclusividade, não caia novamente. Mesmo se rolar acordo com o Red Bull.

Allan Simon é jornalista esportivo desde 2011, tendo passado por redações como o R7, Abril.com, UOL Esporte e Torcedores. Participou das coberturas de duas Copas do Mundo, duas Olimpíadas, dois Pans, e diversos outros momentos históricos do esporte brasileiro nesta década. Criador do Prêmio Torcedores de Mídia Esportiva. Atualmente comanda o Blog do Allan Simon, é colaborador do UOL e colunista do Torcedores, tendo também um canal no YouTube com análises, histórias e estatísticas de mídia esportiva e futebol em geral.

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