Home Francielle dá adeus à Seleção e abre o jogo: “A CBF não se importa com o futebol feminino”

Francielle dá adeus à Seleção e abre o jogo: “A CBF não se importa com o futebol feminino”

Após a atacante Cristiane anunciar sua aposentadoria da Seleção Brasileira, nesta quinta-feira, 28, foi a vez da meio-campo Francielle seguir a mesma linha e afirmar que não pretende mais defender as cores da equipe verde e amarela. Em sua conta no Instagram, a jogadora, que atualmente defende o Avaldsnes, da Noruega, explanou sua decisão.

Bruno Nunes Loreto
Formado em Jornalismo na Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC. Amante dos esportes, principalmente o bom e velho futebol. Setorista de Grêmio e Fluminense.
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Divulgação/CBF

Pouco tempo após, em entrevista exclusiva ao Torcedores.com, Francielle, que atuou por 12 anos pela Seleção Brasileira, ‘abriu o jogo’ e contou detalhes do atual momento vivido pela equipe. A atleta também apontou decisões erradas tomadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no tratamento com o futebol feminino.

A jogadora lamentou a falta de tempo com a comissão técnica que saiu recentemente. Nos últimos dias, a CBF comunicou a demissão de Emily Lima e o retorno de Vadão ao comando.

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“O momento da Seleção não é dos melhores. As outras seleções, com certeza, estão na nossa frente por tudo que é oferecido a elas. O nosso momento era de transição, de experimentar jogadoras nos amistosos e torneios pra que, ano que vem, o grupo fosse começar a definir para o sul americano, e isso leva tempo, paciência para um novo estilo de jogo, mas no nosso país só importa os resultados a curto prazo”, disse.

Francielle destacou o trabalho ‘ótimo’ que estava sendo feito por Emily e afirmou que todo o grupo estava satisfeito. Além disso, a meia analisou os últimos resultados – derrotas para equipes como Estados Unidos e Austrália – e avaliou a pouca paciência com a primeira técnica a comandar a Seleção.

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“A demissão da Emily foi completamente precipitada. Ela vinha fazendo um ótimo trabalho junto com a comissão. Todas estávamos satisfeitas e felizes. Ela conseguiu com que todas estivessem ao seu lado e abraçando o novo modelo de jogo. Só que as coisas elas não acontecem do dia para a noite, precisa ter uma sequência. Ela, em 10 meses de trabalho, conseguiu fazer algo que ninguém fez. Tenho certeza que isso aconteceu simplesmente porque ela é mulher. Os últimos resultados foram negativos, mas jogamos contra as melhores Seleções do mundo e tinha certeza que isso iria nos fortalecer e não preparar para as competições que realmente importava”, continuou.

A jogada comentou o retorno de Vadão – que havia deixado o cargo antes da chegada de Emily – e lembrou como era a rotina com o ‘antigo novo’ treinador.

“Sou totalmente contra a volta do Vadão. Não tenho nada contra ele, mas no tempo que estive na permanente ele foi totalmente omisso em várias situações, por isso acho o trabalho fraco. Foi o que mais teve tempo para trabalhar, teve tudo à disposição e o que menos fez pela seleção. Na minha opinião aconteceu porque não era ele que dava treino, que convocava as jogadoras e sim o seu Fabrício, que fazia tudo e tinha suas preferências. Por isso decidi não seguir na seleção”, falou.

Assim como Cristiane já havia deixado claro no momento em que anunciou sua saída da equipe, Francielle afirmou que melhorias simples ajudariam bastante.

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“Solicitamos melhoria nas diárias. Coisas simples. Como ter um uniforme feminino. Coisas desse tipo”, comentou.

Em relação à CBF, Francielle relembrou os curtos trabalhos de Renê Simões e também de Emily e afirmou que a entidade não gosta de pessoas que briguem pela modalidade.

“A verdade é que a CBF não se importa com o futebol feminino. Parece que só está lá para não pagar multa pra FIFA. Porque toda vez que o futebol feminino vai dar um passo para a frente, vem alguém e freia e damos dois, três para trás. Como agora. Estávamos no caminho certo com a Emily e não deram sequência. Se ia dar certo eu não sei, mas era uma grande chance, assim como foi com o Renê em 2004. A CBF não gosta de pessoas que briguem pelo futebol feminino. Não gostam de gente que trabalha, gosta de pessoas que eles falam e aceitam tudo calado. Por isso estamos sempre no mesmo lugar. Então acho que a culpa é dos dirigentes também e de nós atletas que nunca brigamos por nada”, frisou.

Preocupada com o futuro da Seleção Brasileira, Francielle mandou um recado em pedido de força e tentativas por mudanças para as jogadoras que seguirão vestido as cores verde e amarela.

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“Fico muito preocupada com o futuro da equipe devido a tudo isso que vem acontecendo. Atletas qualificadas nós temos, mas já provamos também que só qualidade não resolve muita coisa. Temos uma jogadora 5 vezes Melhor do Mundo (Marta), conseguimos 2 pratas e pouca coisa mudou”, analisou. “Meu recado para as meninas é que elas sejam fortes e que briguem pelo bem delas e da modalidade. Só assim vamos sair do lugar e que estarei torcendo por cada uma mesmo não fazendo mais parte da seleção”, completou ela.

Pela equipe principal da Seleção Brasileira, Francielle jogou as Olimpíadas de 2008 e 2012, o Mundial de 2011 e os Jogos Pan-Americanos de 2011. Já com a Sub-20, disputou o Sul-Americano de 2006 e 2008 e os Mundiais de 2006 e 2008.

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