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PAPO TÁTICO: River Plate de Marcelo Gallardo deve servir de inspiração para times brasileiros; entenda

A edição de 2018 da Copa Libertadores da América entrou para a história por todo o esforço que a Conmebol fez para estragar a competição. Os erros administrativos, a utilização de dois pesos e duas medidas para problemas semelhantes e a total incapacidade de se fazer a final do torneio mais importante da América do Sul dentro do continente. Mas essa edição também entra para a história do futebol por conta do belíssimo futebol praticado pelo River Plate de Marcelo Gallardo. Os “Millonarios” foram superiores a todos os seus adversários na competição sul-americana e ainda nos proporcionaram grandes momentos nessa Libertadores. Mesmo com toda as (lamentáveis) atitudes do treinador no jogo das semifinais. Não é por acaso que este que escreve acredita que nossos clubes devem se inspirar nos conceitos de Gallardo. 

Por Luiz Ferreira em 11/12/2018 02:48 - Atualizado há 5 anos

Reprodução / Facebook / Club Atlético River Plate

Antes de chegar na final da Libertadores, o River Plate passou por Flamengo, Emelec, Santa Fe, Racing, Independiente e Grêmio. E já era possível perceber o estilo de jogo dos comandados de Marcelo Gallardo desde a primeira rodada. Com muito trabalho tático e de compreensão dos seus jogadores, o treinador fez sua equipe jogar no tradicional e argentino 4-3-1-2, no 4-1-4-1, no 4-4-2 e até mesmo com uma linha de cinco na frente do excelente goleiro Armani. Tudo de acordo com o adversário. Na decisão em Madrid diante do eterno rival Boca Juniors, Gallardo optou pela entrada de Ponzio no lugar de Borré (suspenso) e arrumou sua equipe no 4-2-3-1 com a variação para o 4-1-4-1 com a subida de um dos volantes. Apesar do jogo nervoso e da desvantagem na primeira etapa, o River Plate manteve sua estrutura e não se desmanchou após o gol de Benedetto.

River Plate jogando num 4-2-3-1 com a entrada de Ponzio no lugar de Borré. Mas as variações táticas do time de Marcelo Gallardo foram aparecendo durante todo o jogo na Espanha. Foto: Reprodução / FOX Sports Brasil.

A proposta de jogo de Marcelo Gallardo é mais simples do que parece e vai de encontro ao futebol jogado aqui no Brasil. Ao invés do chutão e das bolas levantadas na área, jogo apoiado com os atletas próximos e bem posicionados de modo a abrir o campo e aproveitar os espaços na defesa adversária. Ao invés dos já tradicionais “chuveirinhos”, as jogadas de linha de fundo buscando Lucas Pratto e Pity Martínez deram o tom do River Plate nessa Copa Libertadores da América. E isso sem falar com a saída rápida e intensa, porém paciente para encontrar o momento certo de atacar com a bola no chão e a participação de todos, inclusive dos zagueiros Maidana e Pinola nesse processo. Assim que o espaço é encontrado (geralmente pelos lados do campo), o time parte em bloco em busca do gol. Intensidade e organização.

O time de Marcelo Gallardo ataca em bloco e com os jogadores próximos uns dos outros. Há opção de passe e amplitude nas jogadas de linha de fundo, principalmente pelo lado direito de ataque. Foto: Reprodução / FOX Sports Brasil.

Marcelo Gallardo ainda tem a possibilidade de mudar o esquema tático do River Plate durante os jogos. Já com o colombiano Juan Quintero em campo, o time se reorganizou numa espécie de 4-2-3-1 com uma particularidade. A imagem abaixo mostra o uruguaio Mayada ocupando a lateral-direita e jogando mais por dentro quando a bola está do outro lado. Vale lembrar que o Boca Juniors estava com um jogador a menos, já que Wilmar Barrios havia sido expulso no primeiro tempo da prorrogação. Mas a dinâmica é essa. Bola do lado esquerdo, o lateral-direito vem mais para dentro para gerar opção de passe e superioridade numérica no meio-campo. Enquanto isso, o mesmo Quintero abria o jogo e prendia o lateral-esquerdo adversário. E o River Plate seguia jogando e tocando a bola para encontrar o melhor momento de chegar ao gol de Andrada.

Dentro de cada variação tática existem os conceitos bem trabalhados de Marcelo Gallardo. Quando a bola está de um lado, o lateral oposto joga mais por dentro para gerar superioridade numérica. Foto: Reprodução / FOX Sports Brasil.

A inspiração para os times brasileiros pode ser notada no lance que gerou o gol de Quintero. O Boca Juniors se fechava numa espécie de 4-4-1 na frente da sua área enquanto os jogadores do River tentavam ocupar o espaço entre as linhas xeneizes. Bastou que o camisa 7 Pavón não fechasse seu setor para que Quintero receber a bola, ajeitar o corpo e acertar o ângulo do goleiro Andrada. Um golaço com a marca de Marcelo Gallardo que roda a sua equipe, muda de esquema tático durante as partidas e deixa bem clara a importância de cada um dentro do seu sistema de jogo. E a cereja do bolo seria o gol de Pity Martínez já nos acréscimos da prorrogação com um Santiago Bernabéu em festa. Apesar dos esforços da Conmebol para estragar a Libertadores, o melhor time acabou se sagrando campeão do torneio. Mesmo fora do continente sul-americano.

Pavón não fecha seu setor e Quintero tem tempo de receber e acertar o ângulo de Andrada. O River Plate de Marcelo Gallardo joga procurando os espaços vazios e tem paciência para encontrá-los. Foto: Reprodução / FOX Sports Brasil.

Difícil puxar pela cabeça outra equipe da América do Sul que jogue como o River Plate de Marcelo Gallardo. O time é intenso, veloz, ágil nas suas transições e quase letal nos contra-ataques. É óbvio que nem tudo é perfeito. A própria final da Libertadores da América mostrou alguns dos problemas do time como as falhas na cobertura dos laterais e uma certa indecisão da defesa. Mas tudo era compensado com uma força mental imensa. Buscar uma virada numa final continental diante do maior rival sem se desmanchar taticamente é tarefa que poucos podem cumprir. Ainda mais num momento em que se questiona o futebol jogado por essas bandas após mais uma Copa do Mundo em que nenhuma seleção do continente passou das quartas de final. Não é por acaso que o treinador é apontado como forte favorito para assumir a Seleção Argentina.

Em tempo: se inspirar nos “Millonarios” é dever de todos os times brasileiros. Ainda mais quando o campeonato nacional ficou marcado pelas bolas longas, pelas ligações diretas e pelos “chuveirinhos”. O River Plate de Marcelo Gallardo surge justamente como uma alternativa e um resgate do bom futebol jogado por aqui.

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