Home DESTAQUE Único jogador brasileiro na Escócia, Alex fala sobre conquista do Celtic e mico na Grécia

Único jogador brasileiro na Escócia, Alex fala sobre conquista do Celtic e mico na Grécia

Nos últimos 30 anos, apenas Celtic e Rangers sabem o que é ser campeão na Escócia. A disputa ficou ainda mais fácil nos últimos seis anos com a queda do Rangers para a quarta divisão como punição por dívidas.

Redação Torcedores
Textos publicados pela Redação do Torcedores.com. Contato: [email protected]

Hamilton/Site Oficial

De volta à primeira divisão, o Rangers e os outros dez times da primeira divisão não conseguiram parar o Celtic, campeão com oito rodadas de antecedência.

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Dos quase 300 jogadores da Scottish Premiership, metade é de estrangeiros, mas apenas um é brasileiro. Natural de Ribeirão Preto, Alexandre D’Acol chegou ao Hamilton na temporada passada depois de onze anos e muita decepção na Grécia.

“Estava há 11 anos na Grécia, perdi muito dinheiro lá, o clube não pagava, perdi muito dinheiro mesmo, coisa de 2 milhões de euros, a situação financeira no país é ruim, fiquei quase três anos sem receber, tive lesão no joelho, foi bem complicado”, disse.

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Mas nem sempre foi assim. Alexandre chegou ao país depois que um olheiro grego viu o atacante jogar o Paulista na base do Comercial. Com 17 anos, ele viajou para jogar no AEK, mas problemas burocráticos impediram o acerto e seis meses depois ele fechou com o gigante Olympiacos.

Bicampeão grego, Alexandre tinha três anos de contrato com o time, mas seu empresário o convenceu a deixar o clube pois tinha ‘coisa melhor’. A suposta proposta da Ucrânia nunca aconteceu e o brasileiro ficou seis meses parado anetes de peregrinar por clubes menores do país.

“Os gregos gostam muito de futebol, eles são bem loucos. Todos os jogos a gente levava multa por causa da torcida. Eles quebravam o estádio, tinha confusão, jogavam fogos”.

Nem só de confusão e calote foi a passagem de Alexandre pela Grécia. Ele lembra de uma passagem cômica em uma entrevista ao vivo na tv do país.

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“Eu ainda estava aprendendo o idioma e o repórter veio me entrevistar, daí me perguntou se já chorei em campo, choro em grego é ‘kravgí’, uma palavra cujo som é muito parecido com ‘klaniá’, que é peido. Eu entendi errado e achei que ele estava de sacanagem, disse que não, nunca. Ele insistiu na perguntar, mas eu continuei na minha resposta. Depois, minha esposa, que já falava grego, viu a entrevista e me explicou, mas já tinha passado. Eu via o repórter e desviava, nunca mais me ligou para marcar entrevista”.

Escócia

Depois de 11 anos, Alexandre não queria mais seguir na Grécia. Com propostas para seguir no país, o atacante recebeu uma ligação de um empresário que disse que gostaria de levá-lo para outro lugar.

“O Altair Machado me ligou, eu tinha propostas da Grécia, e disse que arrumaria algo. Depois de duas semanas, o Hamilton me fez proposta, eu imaginei que seria igual à Inglaterra, mas a Escócia é muito mais bonita”.

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Em penúltimo lugar no Campeonato Escocês, o Hamilton joga hoje o clássico contra o Motherwell. A disputa da liga tem um modelo diferente. São 12 equipes que jogam 33 rodadas. A partir daí, as equipes são dividias em dois grupos de seis times, mas seguem somando pontos na tabela geral. Os times dos grupos se enfrentam internamente e mais cinco jogos. O último colocado é rebaixado e o penúltimo disputa repescagem contra o segundo colocado da segunda divisão.

“A situação estava feia, fiquei cinco semanas parado, a pressão para voltar era grande, estávamos em último”. Apesar da situação ruim, não há pressão de torcida ou direção. “A cobrança é pequena, na Grécia o presidente entrava quebrando tudo e falava que não ia pagar ninguém, aqui não, o treinador fica tranquilo”.

No seu retorno de lesão, Alexandre fez o gol da vitória aos 44 minutos do segundo tempo e comemorou muito, especialmente com o zagueiro grego Giannis Skondras.

“Foi uma resenha nossa, estão falando no twitter que foi dança, mas não foi. Ele é muito engraçado, acha graça no cozinheiro turco (Salt Bae) que sensualiza quando salga a carne (veja o vídeo aqui) e puxou a comemoração.

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Veja o gol e a comemoração

Celtic e Rangers

Embora tenha conquistado 86 dos 90 pontos possíveis, o Celtic não é tratado como uma potência a ser temida, segundo Alexandre. “O Celtic é muito bom, o Rangers está em reconstrução, mas o engraçado é que não é um clube que você sabe que domina o jogo. Em casa, a gente dá um sufoco neles, mas aí eles acabam fazendo um gol e sabem que vão ganhar”. Mas o problema é quando jogam em Glasgow. “Lá parece que eles jogam na descida e a gente na subida”.

A supremacia de Celtic e Rangers foi quebrada pela última vez em 1985 pelo Aberdeen, atual segundo colocado, 22 pontos atrás do campeão Celtic.

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“É inevitável a supremacia, sempre vai ter, é difícil igualar, tem mais torcida, patrocínio. O Hearts, por exemplo, quinto colocado, tem time igual ao nosso, mas jogam em casa, em um estádio com 30 mil pessoas. Hamilton é uma cidade pequena, lá eles têm salários maiores. A qualidade do torneio não é ruim, o último jogo ganhamos do Aberdeen, que é o segundo colocado”.

A posição ruim na tabela fez com que o Hamilton contratasse um psicólogo para tentar resolver os problemas da equipe. “A gente empatou muitos jogos, daí o clube contratou um psicólogo. No começo foi legal, gostamos, mas agora já tem jogador xingando, dizendo que não aguenta mais”.

Brasil

Alexandre volta pelo menos uma vez por ano ao Brasil, mas confessa que não tem vontade de voltar a morar no país. A violência é a principal razão para evitar o retorno de Alexandre.

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“Não quero voltar, amo o país, tenho orgulho do povo brasileiro, que brinca e se comunica, mas morar com filho, não. Abro o computador e só tem tragédia e Big Brother”.

Nem mesmo o futebol brasileiro Alexandre acompanha. Embora tenha assistido à partida da Seleção contra o Paraguai, Alexandre diz não ver nada.

“Gosto de ver o Barcelona e a Liga dos Campeões, mas gosto do Santos por causa do meu pai, que é torcedor do time. Na Grécia eu assinava tv por assinatura e assistia mais”.

Sobre a Escócia

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Idioma: Inglês

Moeda: Libra ( £ 1 = R$ 3,86)

Como ir? Não existem voos diretos, o mais comum é fazer escala em Londres.

Quem leva?  Delta, American Airlines e United Airlines

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Quanto custa a passagem média? Entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil

Tempo de viagem? Cerca de 13 horas

Distância para o Brasil: 9 mil km