Cornetas da Bola: Quer dizer que Seo Francisco era goleiro. Ele que te influenciou, então?
Gustavo: Sim. Desde pivete, ia ver meu pai que era goleiro de várzea. Aos 8 anos, faltou um goleiro numa categoria de base que meu pai cuidava e aí ele me colocou pra jogar. Depois daquele dia, defendi o gol até 2015. Meu pai foi com certeza o meu primeiro ídolo no futebol.
CB: E quais foram seus ídolos depois?
G: Eu sempre gostei muito do Dida e do Marcos. Sempre foram espelhos para mim.
CB: De onde surgiu a ideia de jerico de virar árbitro?
G: Recebi um convite de um amigo, Marcos Roberto Soares (árbitro profissional). Ele me ensinou muita coisa e me levou num clube na zona norte pra auxiliar ele. Mas eu já apitava em alguns jogos que eu jogava (risos). Quando eu estava machucado, apitava.
CB: Quando goleiro, você já xingou árbitro?
G: Quem nunca? Reclamar é do jogo, mas ofender não. Eu sempre fui mais tranquilo, pode perguntar pra quem jogou comigo. Nem quando o árbitro errava. Eu não era de sair do gol.
CB: Você já se adiantou num pênalti e precisou voltar?
G: Não! Juiz nunca voltou pênalti meu. Até, porque, sempre tive uma estatura boa (1,91m) e sempre esperei, não saía antes. Quando fomos campeões (venceu a Copa Kaiser em 2013 pelo Leões da Geolândia), peguei pênalti na semifinal contra Danúbio.
CB: É mais difícil apitar ou defender?
G: Acho que é mais difícil apitar. Eu me garantia mais pra defender do que pra marcar.
CB: Já levei cartão quando era goleiro?
G: Normalmente goleiro leva cartão por retardar jogo. Foi por isso que tomei.
CB: E quando você vê um goleiro fazendo isso, agora? O que você faz como ábitro?
G: Eu tenho que marcar, né? A gente tem que prevenir, vai em direção do goleiro para ele cobrar logo. Se não der certo, tem que advertir mesmo. Não tem jeito.
CB: Por que mudou?
G: Conheço muitos dos jogadores. Eu parei “cedo” de ser goleiro porque a filha nasceu, parei de treinar.
CB: Até que ponto conhecer jogador facilita ou complica pra apitar?
G: Apito muitos jogos de jogadores que joguei há poucos anos. Eu acho que isso ajuda a controlar o jogo, porque de alguma parte vai existir um pouco mais de respeito. Conhecem você, sua índole. Árbitro é muito apontado por favorecer aquele ou outro time, então é sempre bom ter gente que te conhece dentro de campo.
CB: Já apitou jogo do seu ex-time, o Leões da Geolândia?
G: Ainda não apitei. Mas vai ser como aquela relação com outros jogadores que fui campeão.
Por Diego Viñas